terça-feira, 6 de novembro de 2007

Entrevista com M.S.., editor do Globo Online

O quê o internauta gosta de ler?
O internauta adora ler sobre sexo, celebridades, esportes (em especial o Flamengo), grandes tragédias, escandâlos (se envolver sexo, melhor), dicas de saúde e dicas de tecnologia. Hoje, por exemplo, uma das matérias mais lidas no site é a que explica o que é a TV Digital, seguida do Hamilton (piloto de Fórmula 1) dizendo que errou no GP do Brasil e de uma matéria sobre as chances do Flamengo ir para a Copa Libertadores.

O Globo Online começou em 1996 e passou por várias fases da internet brasileira. Quais foram as principais mudanças que você notou nas páginas dos jornais online nesses onze anos?
Aqui no Globo Online uma mudança que eu destacaria seria o desapego de dar primeiro a informação. No início, era uma briga para ver quem dava alguns segundos antes a informação. Hoje em dia, esses segundos não importam mais. É mais importante darmos bem a informação, contextualizada e com correção. Isso não quer dizer que vamos dar a notícia horas depois. Mas que é melhor perdermos alguns minutos, para dar da melhor maneira possível. E atualmente a grande mudança que vem acontecendo é a participação do leitor. Temos várias ferramentas para isso: pesquisas, comentários nas matérias e o Eu-repórter. Quase todas as matérias do site podem ser comentadas pelos leitores. E esses comentários podem depois virar uma matéria. Hoje em dia é comum a manchete do site ser algo como "Internautas defendem um Bope como do filme 'Tropa de Elite'", que nasceu dos comentários de leitores em uma determinada matéria. No caso do Eu-repórter, qualquer leitor pode mandar uma notícia, foto ou vídeo e ser publicado na capa do site. Uma das manchetes do site aqui, uma determinada vez, foi um incêndio no Santos Dumont. A notícia e a foto foram enviadas por um leitor.

A preferência dos leitores mudou muito na última década?
Mudou muito. E em grande parte pela popularização dos computadores e da internet. No início do Globo Online, era preciso ser um "iniciado", digamos assim, para acessar a internet. Hoje em dia, o número e a variedade de pessoas que acessam a internet é muito maior.

O Globo Online fechou recentemente grande parte de seu conteúdo para os leitores que não são assinantes do jornal. Vários outros portais e páginas brasileiros já tinham adotado a mesma política. O The New York Times, um dos principais jornais online da Internet, fez exatamente ao contrário: liberou todo o conteúdo para leitores cadastrados, que não precisam mais pagar nenhuma quantia por esse serviço. O objetivo é aumentar a quantidade de pageviews e, conseqüentemente, aumentar o ganho com publicidade da página. Na sua opinião, qual é a melhor conduta? Você acredita que o valor recebido pelas assinaturas compensa a diminuição de visitantes no site?
Na verdade, o Globo Online só fechou o acesso à reprodução do jornal impresso na internet. Todo o material produzido pela redação do Online, que hoje em dia tem cerca de 50 jornalistas e conta com o apoio da redação do Globo e do Extra, é gratuito. Quanto a conduta, qual será melhor? Abrir todo o conteúdo ou não? Na verdade isso ninguém sabe, todo mundo experimenta. Eu, particularmente, aposto mais na abertura total do conteúdo e no aumento da publicidade online. Mas para isso, é preciso que o mercado de publicidade online cresça mais.

Atualmente os jornais online estimulam cada vez mais a participação dos leitores. Os leitores podem comentar as notícias, escrever reportagens e, no caso específico do Globo Online, ainda podem se conhecer através dos “Globonliners” (um portal parecido com o Orkut). Outros jornais online brasileiros, como o JB Online e O Dia Online possuem ferramentas parecidas para estabelecer uma comunicação cada vez maior com o leitor. Você acha que isso pode diminuir ou atrapalhar o trabalho do jornalista e, conseqüentemente, diminuir a atenção do leitor?
Falei um pouco dessa interação mais acima e, realmente, acho que essa é a maior mudança nos jornais online nos últimos anos. Eu acho que a aproximação com o leitor só tem a ajudar o trabalho do jornalista. E aumentar o interesse do leitor. Para quem consome notícia é muito gratificante ver que ajudou na elaboração daquele material. E para o jornalista, um olhar de fora é fundamental para livrá-lo de vícios da profissão e ajudar a ver o cotidiano e as notícias com um olhar de gente

Um comentário:

Paulo Tamburro disse...

NÃO CONHECIA O SEU BLOG.

ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.

TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:

“HUMOR EM TEXTO”.

A CRÔNICA DESTA SEMANA NOS ALERTA SOBRE OS RELACIONAMENTOS HUMANOS DISSIMULADOS E ENGANOSOS.

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UM ABRAÇÃO CARIOCA!