terça-feira, 6 de novembro de 2007

A cara da internet no Brasil

No início, privilégio de poucos. Hoje, disponível a muitos, extremamente democrática e acessível de diversos locais. Esta imagem da internet parece corresponder à realidade? À primeira vista, parece que sim: de acordo com a associação brasileira de Lan-Houses, há mais de 3 mil lan-houses no país, sendo que só entram na conta as registradas. Entretanto, os números não confirmam a impressão.

De acordo com o CETIC (Centro de Estudo sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação), em pesquisa publicada em 2006, menos de metade da população brasileira já teve a oportunidade de estar diante de um computador e 54,35% dos brasileiros nunca chegou nem a mexer na máquina. O acesso à internet então é uma situação bem pior: 66,68% dos cidadãos brasileiros nunca entraram em uma página da internet. E, ao contrário do que se pode pensar num primeiro momento, isto não é sintoma exclusivo dos lugares mais afastados: no sudeste, em que as capitais são metropolitanas e muitas das cidades vizinhas são grandes, o percentual também é assustador - 63,11%.
Parte do mito é realidade: a internet é, sim, acessível de diversos locais. Dos que não acessam a internet, apenas 1,38% não o fizeram por não possuir a rede disponível em sua cidade. A internet está, portanto, presente na maioria das cidades brasileiras. Mas no quesito "motivo por que não acessa a internet", há mais um campo preocupante: 50,64% dos entrevistados responderam que não sabem acessar a internet. Vê-se na pesquisa mais um sintoma da exclusão digital que vivemos, que mais de metade dos habitantes não sabe utilizar a internet. A internet, portanto, é privilégio de poucos.

Dos que já usaram um computador, apenas 3,91% o fizeram em um lugar de uso público, gratuito, ou seja, a maioria das pessoas tem que pagar ou só consegue utilizar o equipamento no trabalho. Há projetos nos governos federal, estadual e municipal que prevêem a criação de centros comunitários que disponibilizariam computadores em escolas e para moradores de comunidades carentes: é o Proinfo. Entretanto, conforme dados do MEC, 5,5 milhões de estudantes do ensino fundamental têm acesso à internet na escola - muito pouco, considerando-se os 34 milhões de alunos que frequentam o módulo.

Mesmo daqueles que já utilizaram um computador, 59,42% não possuem habilidade necessária para fazê-lo no mercado de trabalho, e 37,47% nem ao menos possui e-mail. Hoje em dia, a maioria das empresas solicita um currículo enviado por e-mail, ou disponibiliza formulários de inscrição na internet o que faz da falta de e-mail não apenas um problema de exclusão digital, mas também um problema social.

números: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18521.shtml
http://www.cetic.br/index.html
http://mecsrv04.mec.gov.br/reforma/Noticias_Detalhe.asp?Codigo=7140

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